segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Buraco Negro

Toda mulherzinha que se preza adora sapatos e bolsas né?
Nop, nem todas. Tenho uma grande amiga que odeia bolsas.

Parece inacreditável mas é verdade.

Cursei uma faculdade particular, cara e elitista, onde todos os alunos iam pra aula montados como se estivessem indo pra balada.
Mas essa amiga se destacava por ser totalmente o oposto de todo mundo, desencanada, descontraída. Seu visual era meio hyppie, combinaria perfeitamente na ECA, não na nossa faculdade.
Pensam que ela ligava? Nem um pouco.

O acessório indispensável dessa amiga era uma imensa e horrorosa bolsa de couro que parecia um saco gigante. A bolsa dava três dela e como pesava muito ela carregava assim de atravessado, muito antes dos modelos carteiro virarem tendência.
Dia após dia, mês após mês, a bolsa estava lá ao seu lado. Ela não trocava por nada nesse mundo!

Mas o divertido era que tudo o que você imaginasse, “C” tinha dentro da bolsa.
Pensou em coisas normais tipo carteira, caneta, lenço de papel, batom, chaves, livros?
Pois é, isso tinha.
Mas lá dentro também tinha biscoitinhos, pastilhas para garganta, absorventes íntimos, chave de fenda, band-aid, esmalte, muda de roupa, óleo lubrificante, carregador de celular, bolacha de choperia, entrada de show, sementes de abóbora, e mais tudo que se possa imaginar e mais alguma coisa também.

Bastava alguém dizer as palavrinhas mágicas:
“- Por acaso alguém aí tem...?”
Todo mundo já olhava direto pra “C” porque com certeza ela tinha isso aí dentro da bolsa.

Alguns colegas diziam que aquela bolsa era a caixa de Pandora. Outros tinham medo de ser engolidos por ela, e por isso a chamavam de Buraco Negro. Eu me incluo nessa última categoria.

A bolsa era uma zona, ninguém ousava olhar pra dentro dela, mas bastava pedir por um alicatinho de cutícula que ela metia a mão lá dentro e tirava na hora o objeto desejado.
Era quase a cartola de um mágico.

Um belo dia o aniversário da “C” estava chegando, e resolvemos dar uma bolsa nova pra ela de presente. Chegamos na festa crentes que iríamos abalar, mas nossa amiga abriu o pacote, olhou sem o menor entusiasmo, agradeceu e largou de lado.
Como fiquei desapontada com a reação dela, perguntei se ela não tinha gostado, e ela respondeu com a maior naturalidade:
“- Sabe o que é, eu odeio bolsa, se pudesse carregaria tudo em bolso, mas como sou obrigada a andar com todo esse mundo de coisas, vou continuar com meu sacão mesmo. Ele é feio mas cabe tudo dentro e não chama a atenção de ladrão.”

E assim foi, durante todo o curso universitário, Buraco Negro freqüentou as aulas assiduamente.
Na colação de grau fizemos um certificado especial pra ele que virou personagem da nossa turma.

Os anos se passaram, “C” continua não gostando de bolsas, mas aposentou Buraco Negro e agora usa uma mochila LV chiquééérima.
Pelo menos substituiu aquele pavor por uma peça à altura, hihihihihihi

Quanto a mim que Amo bolsas, quanto mais, melhor!

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