segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Ufanismo

E as Olimpíadas chegaram ao fim.
Eu não tinha dúvidas de que os chineses se esmerariam em tudo, até para provar para o mundo que o Comunismo é um bom regime, e realmente eles deram uma aula.
De como gastar zilhões nos projetos e na construção dos novos estádios, arregimentar 9 mil trabalhadores pra construir o Ninho de Pássaro, fazer uma festa de abertura impecável, sumir com registros de nascimento das campeãs da ginástica olímpica, atrapalhar o desempenho de atletas promissores sumindo com seu material, etc etc
Mas no geral foi uma boa Olimpíada, exceto pelo horário ingrato.

A nossa delegação verde-amarela saiu daqui glorificada, a maior delegação já enviada à uma Olimpíada, tudo no mais puro espírito ufanista, tão típico dos brasileiros nesses eventos esportivos.
A mídia especializada chegou a contabilizar algumas medalhas de ouro, principalmente depois dos últimos Jogos Pan-Americanos, e tínhamos uma listinha respeitável de promessas: Diego Hypólito, Jade Barbosa, Thiago Pereira, Jadel Gregório, os meninos do futebol, e por aí vai.

E daí acontece o que? As grandes promessas de Ouro decepcionaram com seu desempenho medíocre.
Diego e Jade levaram ouro na ‘aterrizagem de bunda’. Aliás, vamos combinar que a chatinha da Jade com sua eterna cara de choro não tinha a menor chance, né?
E até a ‘velhinha’ e desacreditada Daiane acabou ficando melhor rankeada no individual que a campeã do choro.

O Thiago Pereira depois de 8 medalhas no Pan já metia medo até no Michael Phelps. Chegou lá e não conseguiu pegar nem a final A.
Em compensação o César Cielo, que até era bem cotado mas estava longe de ser favorito abocanhou 2 medalhas, sendo a primeira de ouro pra natação.

A seleção masculina foi um fiasco, e eu admito que torci que nem louca pela Nigéria, mas infelizmente os pernas de pau com salto alto conseguiram garantir o bronze.
As meninas, mesmo levando a prata de novo, fizeram melhor que seus colegas, que recebem todo o apoio e patrocínios milionários e não fazem bosta nenhuma.

Voltando ao início, a lista de favoritos não incluía o judô nem o iatismo feminino, e elas conseguiram a mesma medalha que o ‘2 vezes melhor jogador do mundo’ Ronaldinho, que era garantia de ouro. Cadê a lógica disso?

É, não se pode negar que todos esses favoritos voltaram bem amarelos.
Amarelos de Vergonha do desempenho aquém do esperado.

Mas, enquanto nossos atletas continuarem tendo que fazer rifa de bicicleta pra ajudar nas despesas de viagem, enquanto tiverem que depender de bolsa atleta ou PAItrocínio pra treinar e competir, o Brasil não vai sair dos vigésimos lugares.
Porque o Comitê Olímpico Brasileiro só pensa em fazer boa figura, em caprichar no uniforme dos seus dirigentes, mandar representantes famosos pra angariar uns votinhos pra candidatura do Rio, mas apoio e incentivo isso não, porque isso não faz parte das atribuições dele.

Então é isso meu Brasil-sil-sil!
Vamos todos nós vestir a camiseta amarelo-decepção para aplaudir os nossos devotados e competentes dirigentes que nos ajudaram a envergonhar o mundo esportivo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Eu não preciso dos 'Internet Anônimos'

Outro dia a Lalai escreveu uma crônica pra Revista Pix onde ela descrevia a revolução que a internet causou em sua vida. Depois da internet ela mudou de nome, de trabalho, fez amizades e loucuras, ficou famosa, mas isso teve um custo, hoje ela se assume addicted 24/7.

Eu rendo homenagens a ‘Santa @’ diariamente, ela veio pra facilitar a vida em muitos aspectos e eu nem imagino como poderia ficar sem o Home Banking, Google, compras e outros vícios que eu super preciso, mas se ela deixasse de existir de uma hora para outra eu não cortaria os pulsos de desespero não.

Em primeiro lugar porque não passo muitas horas online, e quando preciso, fico ausente ou offline sem nenhum peso na consciência.
Quando saio de férias chego a ficar um mês inteiro sem abrir um e.mail.
Vocês acham que vou desperdiçar meu tempo numa lan house pra bater papo no MSN com meus amigos? Nem pensar!
Mas eu sei que tem pessoas que são escravas da net, por isso quando viajam não sossegam até atualizar seu blog e prestar contas de todos os seus passos pra turminha.

Se alguém precisar falar comigo entre as 18hs da sexta-feira e as 8h da manhã de segunda, melhor usar o telefone porque eu não abro internet nos finais de semana. E mesmo que receba mensagens pelo celular, eu só respondo via computador. Mais uma prova de que passo bem sem a @.

Salas de bata-papo são divertidas, tenho estórias memoráveis pra contar de chats com amigos, mas sem dúvida eu prefiro mil vezes ver esses amigos reunidos ao redor da minha mesa de jantar saboreando um dos meus famosos risotos, do que ficar horas no MSN com eles. Além do mais, esses encontros ‘reais’ podem render um belo álbum de fotos pra revelar ou postar no Flickr :-P

As redes sociais foram uma mão na roda pra reencontrar amigos de escola/facul que se espalharam pelo mundo. São perfeitas também pra te avisar dos aniversários, desde que você entre todos os dias. Se não, melhor manter a agenda convencional atualizada pra não esquecer de ninguém ;-)
Já conheci muita gente nesses sites, mas fazer amigos, verdadeiros amigos, nunca!
Por isso, Orkuts, Facebooks e que tais não me fazem a menor falta.

Os programas de mensagem são ótimos e super práticos, mas tem horas em que nada substitui poder ouvir a voz do seu interlocutor. Eu sei que é possível ver e ouvir através do Skype ou mesmo MSN, mas pra isso é necessário que teu amigo esteja online, ao passo que pelo celular você sempre encontra quem procura.

Com relação a informação, admito que não tenho tempo nem paciência pra ficar navegando muito, por isso ainda prefiro ler jornais e revistas impressos.
O mesmo vale pros livros. Jamais, em hipótese alguma, eu trocaria o prazer de passar horas numa livraria escolhendo livros para baixá-los no computador!
Agora, música eu confesso que consumo quase que exclusivamente pela @. Faz tempo que não compro um cd!
Baixar filmes eu não baixo porque adoro ir ao cinema e além do mais, porque vou apertar meus míopes olhinhos pra enxergar um filme na telinha de 14’ do meu notebook quando tenho uma Full HD de 42’ no meu home theater?

Ler milhões de feeds não é pra mim. Meu tempo é curto e minha vida intensa.
Me divirto seguindo os amigos no Twitter, mas quando estou entalada no trânsito prefiro a companhia do Brandon Flowers, até porque posso fazer um backing vocal básico, e eu adoro dar uma de cantora, hahahahaha

Quando o assunto chega no sexo aí não posso exprimir opiniões porque sou virgem, virtualmente falando.
Até acredito que sexo virtual deve ser um tesão, mas aí vêem as perguntas fatais:

- Teu namorado virtual te faz adormecer falando besteirinhas no teu ouvido?
- Não.

- Dá pra dormir de conchinha com o namorado virtual?
- Não.

- Teu namorado virtual te acorda na manhã seguinte com uma maxi ereção e faz o sexo mais alucinado contigo? Te explode de prazer antes do café da manhã e te deixa com as faces coradas e aquela cara de boba que denuncia que você começou o dia dando uma bela de uma trepada?
- NÃO!!!!!!!!

Então... pra que mesmo que eu preciso da internet, hein?

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Buraco Negro

Toda mulherzinha que se preza adora sapatos e bolsas né?
Nop, nem todas. Tenho uma grande amiga que odeia bolsas.

Parece inacreditável mas é verdade.

Cursei uma faculdade particular, cara e elitista, onde todos os alunos iam pra aula montados como se estivessem indo pra balada.
Mas essa amiga se destacava por ser totalmente o oposto de todo mundo, desencanada, descontraída. Seu visual era meio hyppie, combinaria perfeitamente na ECA, não na nossa faculdade.
Pensam que ela ligava? Nem um pouco.

O acessório indispensável dessa amiga era uma imensa e horrorosa bolsa de couro que parecia um saco gigante. A bolsa dava três dela e como pesava muito ela carregava assim de atravessado, muito antes dos modelos carteiro virarem tendência.
Dia após dia, mês após mês, a bolsa estava lá ao seu lado. Ela não trocava por nada nesse mundo!

Mas o divertido era que tudo o que você imaginasse, “C” tinha dentro da bolsa.
Pensou em coisas normais tipo carteira, caneta, lenço de papel, batom, chaves, livros?
Pois é, isso tinha.
Mas lá dentro também tinha biscoitinhos, pastilhas para garganta, absorventes íntimos, chave de fenda, band-aid, esmalte, muda de roupa, óleo lubrificante, carregador de celular, bolacha de choperia, entrada de show, sementes de abóbora, e mais tudo que se possa imaginar e mais alguma coisa também.

Bastava alguém dizer as palavrinhas mágicas:
“- Por acaso alguém aí tem...?”
Todo mundo já olhava direto pra “C” porque com certeza ela tinha isso aí dentro da bolsa.

Alguns colegas diziam que aquela bolsa era a caixa de Pandora. Outros tinham medo de ser engolidos por ela, e por isso a chamavam de Buraco Negro. Eu me incluo nessa última categoria.

A bolsa era uma zona, ninguém ousava olhar pra dentro dela, mas bastava pedir por um alicatinho de cutícula que ela metia a mão lá dentro e tirava na hora o objeto desejado.
Era quase a cartola de um mágico.

Um belo dia o aniversário da “C” estava chegando, e resolvemos dar uma bolsa nova pra ela de presente. Chegamos na festa crentes que iríamos abalar, mas nossa amiga abriu o pacote, olhou sem o menor entusiasmo, agradeceu e largou de lado.
Como fiquei desapontada com a reação dela, perguntei se ela não tinha gostado, e ela respondeu com a maior naturalidade:
“- Sabe o que é, eu odeio bolsa, se pudesse carregaria tudo em bolso, mas como sou obrigada a andar com todo esse mundo de coisas, vou continuar com meu sacão mesmo. Ele é feio mas cabe tudo dentro e não chama a atenção de ladrão.”

E assim foi, durante todo o curso universitário, Buraco Negro freqüentou as aulas assiduamente.
Na colação de grau fizemos um certificado especial pra ele que virou personagem da nossa turma.

Os anos se passaram, “C” continua não gostando de bolsas, mas aposentou Buraco Negro e agora usa uma mochila LV chiquééérima.
Pelo menos substituiu aquele pavor por uma peça à altura, hihihihihihi

Quanto a mim que Amo bolsas, quanto mais, melhor!