segunda-feira, 12 de maio de 2008

Arquitetos de papel

Não existe profissionais mais blasé do que os arquitetos.
Estão sempre cagando regras, desfiando suas utopias urbanísticas em qualquer pausa pro cafezinho.

Mas daí eu saio passeando pela cidade e me pergunto: aonde estão as grandes obras dos novos gênios da arquitetura moderna brasileira?
Cadê os nossos Frank Gehry, Santiago Calatrava, Jean Nouvel, Zaha Hadid, Renzo Piano?

Já deve ter alguém aí de mão levantada dizendo: “- Mas nós temos o grande mestre Oscar Niemeyer!”

Grande merda! Eu-não-gosto-do-Niemeyer!!!!

Não gosto em primeiro lugar pela sua ideologia de ‘mejor amigo del comandante Fidel’. Quando foi que o grande comunista projetou um conjunto habitacional pra população carente?
Nunca, claro! Seus projetos são regiamente pagos, e em moeda forte.
Em segundo lugar não gosto dele porque as obras do Imperador do Concreto são muuito parecidas. E feias. E monocromáticas. Quando pinta uma cor é aquele vermelhinho comuna.
Brasília é horrível, o Memorial da América Latina um pavor. Melhorzinhos são os museus de Niterói e Curitiba.
Até o Artacho Jurado, que nem arquiteto era, ousava mais nas formas e cores que o Oscarito. Tudo bem que o cor de rosa do Edifício Bretagne é meio kitsch, mas ainda é melhor que o rosa Ohtake do I.T.O.

Mas o Niemeyer ganhou um Pritzker Price, vocês devem estar pensando. Mas o Paulo Mendes da Rocha também! humpf

Enquanto passam seus 5/6anos subindo e descendo as rampas do Vilanova Artigas os estudantes de arquitetura carregam todos os seus sonhos na mão. Mas depois que ganham seu CREA aonde vão parar esses futuros Grandes Mestres da Arquitetura Mundial?

Perdidos no fundo de uma loja de móveis planejados projetando cozinhas?
Ou trabalhando como semi-escravos no escritório de algum Marcelo Rosenbaum?
Ou pior ainda, em alguma construtora que reedita o mesmo projeto Neo-Clássico em todos os bairros da cidade?
Onde?

Mas ainda pior que os ‘Arquitetos de Papel’ são os ‘Decoradores de Banca de Jornal’.
Aqueles boçais que fizeram uma assinatura da Casa Cláudia e que depois de visitarem 2 mostras de decoração já saem por aí se achando um Sig Bergamin versão século XXI.

Entram na sua casa reparando em tudo, e se puderem dar um pitaco, os Esther Giobbi dos pobres já fazem mil modificações na sua decoração.

E eu fico aqui tentando saber com que moral uma mulher que tem um quadro da filha pintado pelo Roberto Camasmie pendurado na sala de estar pode reclamar dos meus quadros?
Como uma sofisticada criatura que tem reproduções do Debret na sala de jantar pode dizer qualquer coisa sobre os meus tapetes?
E se a minha pintura está monótona o que dizer do papel de parede Laura Ashley do seu quarto?

Me economizem, por favor!
Olhem pro próprio traseiro pra ver se não tem nada pendurado antes de falar do meu!

Vou lançar meu manifesto anti ‘Decoradores de Banca de Jornal’ e ‘Arquitetos de Papel’ na esperança de, num futuro próximo, me banhar em piscinas de hotéis luxuosos projetados pelos novos Philippe Starcks do Brasil!


PS: como deu pra perceber eu não sou uma analfabeta arquitetônica. Apesar da bronca, admiro o estilo dos mestres e aplaudo os verdadeiros profissionais, alguns até citados nesse texto. Mas eu quero menos utopia e mais construção, pra poder encher a boca e dizer: “que linda obra! É de um jovem arquiteto brasileiro!”

6 comentários:

Anônimo disse...

eu sou filha, irmã e cunhada de arquitetos.
fala mal deles não q eles são do bem, mas q adoram um papo teórico isso é verdade

Unknown disse...

a arquitetura brasileira estacionou no modernismo, e enquanto no mundo todo há todo tipo de ousadia, aqui continuamos usando os mesmos materiais, as mesmas formas, os mesmos projetos, por isso essa overdose de neo-classicismo.

glamour girl disse...

Não tenho nada contra arquitetos Ciça, até porque meu namorido é um deles, mas aquele blábláblá cansa.
E concordo com você Sissi as inovações pararam nos anos 50/60.

Anônimo disse...

Encontrei neste post exatamente o caráter passional que você disse ter no meu "meme" das 8 pequenas coisas, o que mostra que você tem realmente coerência com os seus extremos. Eu não sei bem ainda pq (a análise dirá), mas só me envolvo com arquitetas, as duas últimas namoradas era, e acontece aparentemente por acaso. Tb não gosto do Niemeyer, e fico triste em ver tantos jovens idealistas fazendo, pouco tempo depois de formados, esses monstros neo-clássicos simplesmente horríveis! Outro dia um cara falou perto de mim que o prédio da Daslu era lindo, e eu quase pulei do carro em movimento!

glamour girl disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
glamour girl disse...

A Daslu é um verdadeiro monumento ao mal gosto.
Obrigado pela visita Marcos